sábado, 22 de outubro de 2011

Grandes Investidores- Peter Lynch

Parem de escutar os analistas. Estou convencido de que qualquer pessoa, usando o bom senso e 3% de sua capacidade cerebral, pode escolher ações com a mesma competência de um mediano analista de Wall Street.”

Quem diz isso é Peter Lynch, um mito vivo da gestão de recursos nos Estados Unidos. A propagação do modelo faça você mesmo, que caiu nas graças dos americanos, começa a ganhar coro no mercado de investimentos brasileiro. Se a idéia o motiva, saiba que não é preciso ser um doutor em finanças para se aventurar sozinho pelos altos e baixos da bolsa. “As grandes idéias de compra de longo prazo surgem em experiências simples do dia-a-dia.” É o que prega o guru Lynch, que em apenas 14 anos (1977 a 1990) conseguiu a façanha de transformar o patrimônio de US$ 18 milhões do seu famoso fundo Fidelity’s Magellan em invejáveis US$ 15 bilhões.
Se você pensa que “experiências simples do dia-a-dia” são aquelas convencionais buscas de informações econômicas por meio dos jornais, sites financeiros e conversas de bastidores com executivos de grandes companhias, ledo engano. Esqueça tudo isso. E agora, imagine-se pelos corredores de uma das lojas da rede Pão de Açúcar, por exemplo, para sondar a quantas andam os negócios, observar o fluxo de clientes, a quantidade de oferta de produtos e até mesmo a satisfação dos funcionários. Pois é, se pretende abandonar os gestores financeiros, considere essa hipótese antes de comprar uma ação. Pode parecer estranho, mas os exemplos bem sucedidos do mestre Lynch comprovam que, muitas vezes, essa inusitada estratégia pode valer mais do que gastar horas decifrando os complexos termos dos relatórios.
Acredite, foi assim que o fundo Fidelity’s lucrou bilhões com as ações da maior rede varejista dos Estados Unidos em meados da década de 80, quando a Wall-Mart era ainda nanica.O ousado gestor americano foi fazer compras no Wall-Mart e percebeu que o negócio prometia expansão, a qualidade do atendimento era surpreendente e deveria conquistar uma vasta clientela. Na época, os dados financeiros da companhia não apareciam no rol dos grandes analistas. Mas Lynch não se intimidou. Comprou o papel por US$ 1. Anos depois, vendeu por US$ 52. A sua lista de sucessos resultantes da simples observação não pára por aí. Em 90, ao presentear os filhos com computadores, o consagrado gestor americano conheceu a Apple e de imediato identificou um investimento, tinha boa relação de custo e benefício. A ousadia resultou numa aplicação de US$ 5,8 mil que chegou a valer US$ 72 mil. A lógica é a seguinte: não se limitar a interpretação convencional dos números, ir além por meio do conhecimento prático, da percepção e não ter receio das aplicações novas.
“Os investimentos grandiosos são aqueles que ninguém presta atenção e você descobre primeiro. Isso qualquer investidor pode fazer”, diz o diretor do ABN Asset Management, Alexandre Póvoa. Admirador de Lynch, Póvoa acredita que os famosos mantras dos profissionais – como comprar na baixa e vender na
alta – às vezes precisam ser questionados. “Há momentos em que a cotação despenca e se você não vender vai perder mais dinheiro”, cita como exemplo.
Não é só para se livrar desses conceitos retóricos que os investidores americanos colocaram a mão na massa; há outro problema: a falta de confiança. “Acredito que apenas 10% dos analistas e gestores são bons profissionais”, disse Sheridan O’Keef, presidente da americana National Association of Investment Professionals. No Brasil, ronda uma apreensão em relação às conseqüências do que ficou conhecido como “hedge de emprego” (proteção). Ou seja, o profissional tem medo de ser penalizado por inovar. “Quando compra uma Petrobras e o preço despenca, clientes e chefes aceitam. Caso opte por um papel desconhecido e tem prejuízo, todos questionam a competência do gestor”, diz Póvoa. Diante disso, alguns preferem deixar passar boas oportunidades a correr o risco de arranhar a sua imagem.
Os argumentos incentivam os investidores a adotarem o estilo faça você mesmo, porém pondere. O mercado brasileiro é bem menor que o americano, o que torna a escolha mais difícil. Por isso, os consultores recomendam uma dose limitada ao meio a meio. Fica 50% por sua conta e o restante entregue a um profissional.

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